31.1.06

Nas coxas


Vou contar uma coisa: são tantos, mas tantos papéis espalhados pelo meu quarto, nossa, nem sei por onde começar a organizar. Na verdade, hoje não está espalhado, porque nos dias em que a Claudete vem aqui, ela empilha tudo e coloca em cima da cômoda. E parece que o desespero aumenta ao vê-los empilhados.
Tava pensando na maneira como isso se relaciona com as minhas sensações em relação à dissertação. Tudo espalhado, esperando para eu pôr ordem. Sei que vou fazer, vou botar ordem, mesmo que seja uma ordem precária. Porque eu sempre faço, no final sempre sai, mesmo que "nas coxas". Acontece que, em relação à dissertação, eu gostaria mesmo que não fosse assim.
Tive uma amiga que odiava essa expressão - nas coxas - achava degradante, ou qualquer coisa do tipo. Nunca entendi exatamente o por que, talvez porque a mim a expressão não soe assim tão mal. Acho até que gosto. O que talvez conte algo a respeito dessa precariedade toda que me assusta. E, por que não, também conte sobre aquelas coisas que me excitam.

29.1.06

Chinês

Feliz ano do cão, minha gente!

28.1.06

Em tempo

Existe sim uma coisa que consegue me tirar do estado monge-tibetano: minha família.

Madrugada


Gente, o que uma madrugada não faz por uma pessoa, não?
Ontem tive a tão esperada conversa com o orientador. E foi tensa (para mim, escondida, com aquele sorriso por fora, e querendo virar pó por dentro). E por quê?
Porque eu cheguei lá cheia de certezas, com uma estrutura de quatro capítulos divididos em n itens, uma bibliografia imensa. Uma parte já lida, outra não. Ah, e um capítulo escrito. Que já foi, de cara, sumariamente cortado.
Fiquei arrasada. G. me chamou para a terra, para eu pôr os pés no chão, que isso é um mestrado. E disse com toda aquela delicadeza que lhe é nata, o que é pior, porque nem para discutir dá. Ele parece blindado.
Óquei, saí do café onde estávamos completamente passada, com a impressão de que deveria jogar tudo fora e começar de novo a quatro meses do prazo final. Quis chorar, engoli, e fui tomar cerveja.
A cerveja não foi muito útil. Quando cheguei em casa, não conseguia dormir. Fui para o quarto, levei meu caderno com a etiqueta "PROJETO". Comecei a folhear as primeiras anotações, e caneta em punho, rabisquei novamente tudo o que o G. falou. E não é que havia mesmo três capítulos possíveis? E POSSÍVEIS, sem me causar de novo aquela sensação meio desesperadora que causava a tão estimada estrutura anterior. Então, acho que eu tenho uma pesquisa, acho que cortar e "começar de novo" será fundamental, e que, mais uma vez, G. tem razão. Senti alívio, e dormi.

26.1.06

Bom, eu queria escrever sobre a análise, vou ter que parar um pouquinho e talvez tenha que parar um poucão. Enfim, não quero falar sobre isso agora, continuo calma...hohoho.
Gentem, tem uma beringela aqui, que segundo dizem as boas e generosas línguas, tá ótema, entonces não tem nem um pãozinho para eu devorá-la, vejam só que injustiça.
E ademais (hahaha, essa foi péssima), a Suécia Brasileira, também conhecida como Pão de Açúcar 24 hs, é longe daqui, umas quatro quadras, morro de preguiça. Mas tô com fome, não consigo comer direito durante o dia, um calor tão infernal.
Hoje, massagem, o tal do DO IN. Uma dor lascada. E depois um sono. Mas um sono que vocês não acreditam. Aí resolvi aceitar o convite de uma amiga, para ver um filme francês de duas horas e meia. Digam se resta em mim alguma noção? Não, não digam, vamos manter a delicadeza, né não?
E eu esqueci de contar aqui que a maldita da Telefonica cortou meu telefone, sendo que a conta está paga. Sério, não tô brincando, eles é que estão, com a minha cara. Aí disseram que em 24 hs resolviam "o problema". Vai para 72 hs sem telefone. Bomba na sede resolve?
É, meu povo, tá difícil nesse mundo. Mas eu continuo calma, vai saber, deve ser doença. Se pega? Sei não. Vou ali no mercado e se descobrir, conto procês.

Indenpendentemente

"Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de vinte anos
Eu tenho mais de mil perguntas sem resposta
Estou ligada num futuro blue
O sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornal
Eu não te quero, eu te quero mal"
Vitor Martins/Sueli Costa

Tem coisa mais chata nesse mundo que deixar o cabelo crescer? Jesuis, que sacoooo! Aí daqui a pouco eu passo a máquina de novo, e depois fico chateada comigo, jurando que dessa vez eu deixo crescer... Mas também pra que deixar crescer? Ah, sim, porque meu cabelo cresce feito capim, e então para manter um curtinho básico tenho que gastar 25,00 a cada quinze dias. Economia, minha gente.
Ai, conversa com orientador. E eu sempre com os mesmos assuntos: não tenho dinheiro, mestrado me enlouquece, meu prazo tá acabando, o dinheiro já foi faz tempo... Quem sabe um dia isso aqui vira um diário de viagem, ao invés de muro das lamentações, e eu conto um monte de coisa bem bacanas procês? É, quem sabe me diga, por favor, que eu ando assim, meio aflita.
Mas, assim, tem um monte de coisa passeando aqui na cabeça, uns montes. Tanta música, né? Essa aí de cima, inclusive, é especialmente para a Giloca. Gente, mas nós rimos tanto ontem. Até musiquinha dos trapalhões nós cantamos. E hoje de manhã avistei um Power Rangers sentado-na-privada aqui em casa. Não, não tinha o tal do herói no meu banheiro, é um desenho. Foi a Zaca que fez, hihihi. E pronto, ela já foi eleita a trapalhona mais objetiva das quatro, com as perguntas mais diretas e mais engraçadas.
Ah, vamô lá então, né? Preparar a conversa com o orientador, preparar uma aula teste sobre Independência do México. Agora, vejam bem, eu nem sabia que o México ficou independente, e como assim, vou ter que dar aula? Cada coisa, né?

25.1.06

Cavaleiro de Jorge


Jorge sentou praça na cavalaria
eu estou feliz porque eu também
sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham mãos
e não me toquem
Para que meus inimigos tenham pés
e não me alcancem
Para que meus inimigos tenham olhos
e não me vejam
E nem mesmo o pensamento
eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes arrebentem
sem o meu corpo amarrar
pois eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge
Jorge é de capadócia
Jorge de Capadócia - Jorge Ben

Essa música para desejar um aniversário ótimo e tudo quanto de mais bonito houver...

23.1.06

ÂMBAR

"Tá tudo aceso em mim
Tá tudo assim tão claro
Tá tudo brilhando em mim
Tudo ligado
Como se eu fosse um morro iluminado
Por um âmbar elétrico"
Adriana Calcanhoto
Então que hoje eu soube, definitivamente, que serei punida por não terminar o meu mestrado em dois anos, uma vez que meu departamento pediu para que a reitoria de pós-graduação revisse o prazo, mudando para dois anos e meio. Sim, punem os alunos que não terminam dentro do prazo para o qual eles mesmos pediram revisão.
E aí? E aí que não há mais o que fazer. Falei pessoalmente com o coordenador, reclamei, juntei mais gente, reclamei de novo, e não tem jeito. Fiz minha parte, né? Modéstia a parte, faz um bom tempo que faço a minha parte. Quando é que teremos uma sintonia?
Mas eis que estou ouvindo essa música linda aí de cima. Faz dias que ouço essa música. Tá tudo aceso em mim. Tudo brilhando em mim, tudo ligado. Sim, porque hoje, era para eu estar louca, pronta para me jogar da janela. Não, eu não tenho como pagar todas as muitas contas que tenho em março. Tampouco em abril, maio, junho. Minha bolsa acabava apenas em julho, caso não fosse eu a criminosa que pede prorrogação.
Pois é. Fica o dito e o redito por não dito, pra copiar o Chico.
Engraçado, porque eu continuo calma. Estou ficando preocupada com essa calma. Tô não, é brincadeira boba. Na verdade, o que sinto é uma onda de tranquilidade, uma maluquice que me diz que as coisas se acertam, que faz um tempo que eu pego a vida assim, com as minhas mãos, e sigo. Olhando aqui de onde estou, só consigo sentir isso, que coisa mais doida. Porque argumento racional, condições reais, que me afirmem: não se preocupe, ah, isso não tenho, né? Tenho essa mania de seguir adiante, a revelia da realidade objetiva que me cerceia. Quem é essa pessoa que faz isso aqui dentro de mim?
Hoje olhei para a minha casa e pensei: onde eu tava com a cabeça quando me mudei para essa casa, que eu tenho que bancar sozinha? Acho que tava com a cabeça num lugar bem parecido com esse no qual estou agora; por isso eu saí de casa, por isso esse mestrado, por isso o meu orientador, por isso tanta coisa bacana. E não quero confete não, tô dizendo isso é para mim mesma, pra não esquecer.

20.1.06

Cavaleiro Solitário

Eu amo o Gonzaguinha e tenho dito.

Copiando

Calor e menstruação devia ser uma combinação proibida por alguma lei da natureza do tipo "2 corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço simultâneamente".

Ai, que calor e que indisposição. Copiei aqui ó.

19.1.06

Ela

"As coisas estão tão esquisitas hoje em dia, que a gente anda ressabiado de dizer que gosta das pessoas. Então a gente inventa coisas, a gente inventa que é tímido, a gente inventa que não encontra jeito de dizer, que a gente está muito ocupado e que um dia vai ter tempo de sentar e conversar" - Elis Regina, no DVD MPB Especial, 1973.

Maricotinha

Se fizer bom tempo amanhã
Se fizer bom tempo amanhã
Eu vou
Mas se por exemplo, chover
Mas se por exemplo, chover
Não vou
Diga a Maricotinha que eu
mandei dizer que eu não tou
Não tou
Não vou
Uma chuvinha redinha, cotinha
Aí... piorou
Nem tô... nem vou...
Se fizer bom tempo...
Dorival Caymmi, na voz da Bethânia

18.1.06

Monotemática

Ontem finalmente levei os livros e textos para o quarto e, caneta em punho, escrevi uma nova estrutura para a tese. Novinha em folha e, espero, definitiva.
Entonces funciona assim: para "criar", preciso de papel e caneta, na tela não vai, nao tem jeito. E ultimamente tenho cultivado o hábito de levar os muitos livros e papéis para o quarto, para, espalhando-os, me ajeitar e ajeitá-los na "caixola". Funciona.
Ontem achei meu trabalho tão legal. E consegui o que precisava para finalizar um dos capítulos: enxugar. Não, filha, não dá pra discutir Deus e sua obra nesse mestrado: baixa a bola!
Tô ansiosa para mostrar para o mestre. Acho que fechamos com isso.
E esse prazo? Eu preciso dessa prorrogação até agosto. Tá ouvindo, ALGUÈM? ASSINA ESSA M*RDA!
Agora não quero mais viajar. Ô pessoa fácil, visse?
Vou contar uma coisa. Eu achei, mesmo, que não era capaz de escrever essa tese. Às vezes ainda acho, e não é firula não. Então, cada vez que eu escrevo, puxa, é muito especial. Transcende o âmbito do trabalho acadêmico. Ontem mesmo: eu precisa enxugar, escolher, cortar. Não conseguia. E saiu, e faz sentido, e o G. já disse que eu que sei do meu trabalho, e eu finalmente acho que ele tem razão.
O medo e a insegurança são coisas que vêm e vão, tem jeito não. O segredo é aprender a lidar, pé-anté-pé, como diz a dona Vanessa.
No mais, tem um entusiasmo brincando aqui pelo corpo. Coisa boa de sentir.

17.1.06

Calma, culpa!

"Calma
Dê o tempo ao tempo
Calma
Alma
Põe cada coisa em seu lugar
E o dia virá
Algum dia virá
Sem aviso"
Francisco Bosco/Fred Martins
Não comecei 2006, em termos de tese, de verdade.
Preciso ligar para o orientador. Preciso, preciso, preciso. Eita verbo chatinho.
Coisa pior que existe é férias com culpa. Vou à praia logo mais. Com culpa.
E por falar em culpa, amanhã volto para a análise. Quem sabe eu saio dessas férias? Senti falta, estou com saudade da análise. Sonho com a analista, sinto saudade, muito prazer, transferência é o meu sobrenome.
Estou tão dolorida. Segunda cólica do mês. Alguém nesse mundo merece DUAS cólicas em um só mês? Qualé, hein? Pelo menos entendi o super-inchaço e mal estar dos dias anteriores. Mas meu corpo é muito saidinho mesmo. Acontece uma "catástrofezinha" e lá vai ele, altera meu ciclo menstrual, o braço não lhe basta. Óquei, sigo tentando.
E por falar em braço, amanhã tem DO IN de novo. E dói, hein? Puxa vida.
Tudo tão confuso à minha volta. Sem um centavo, sem meia certeza. E eu aqui, tranquila. Onde arrumei essa calma? O mundo explodindo à minha volta e eu fazendo piadas com a Van a respeito do vestido "multi-uso", pensando nas plantinhas para cuidar, no baú que preciso comprar, em todas as músicas que quero ouvir. Nem reclamei do meu vizinho que sujou TODO o meu quintal no fim de semana que estivemos fora.
Acho isso meio preocupante.

16.1.06

Na mesma tecla

"Tenta pensar no futuro
No escuro tenta pensar
Vai renovar teu seguro
Vai caducar
Vai te entregar
Vai te estragar
Vai trabalhar"
Chico Buarque


Preciso estudar. Aquela velha história.
Mas ao invés disso, vou tomar cerveja. É que faz um calor tão danado aqui. É que um pouco eu não tava mesmo a fim de estudar, e outro pouco (ou muito) eu vou adiando, e adiando...
Na quinta, ou na quarta, não lembro, assiti "O Fim e o Princípio". Gostei muito, me emocionei, me identifiquei. Nada daquilo me é estranho, é um pouco da minha história. Senti orgulho de ser, também, um pouco nordestina.
Nessa semana, não tem choro nem vela: capítulo dois (que eu já nem sei se é dois mesmo) pronto para a qualificação. Acabo o domingo ouvindo um cd muito bacana, presente de uma pessoa linda. E música faz um carinho, não é?

11.1.06

Reverberando

Toda saudade
música e letra: Gilberto Gil - 1984
Toda saudade é a presença
Da ausência de alguém
De algum lugar
De algo enfim
Súbito o não
Toma forma de sim
Como se a escuridão
Se pusesse a luzir
Da própria ausência de luz
O clarão se produz
O sol na solidão
Toda saudade é um capuz
Transparente
Que veda
E ao mesmo tempo
Traz a visão
Do que não se pode ver
Porque se deixou pra trás
Mas que se guardou no coração

Muro

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
ou foi mundo então que cresceu?
"

Chico Buarque - Roda Viva
"Eu tenho medo e medo está por fora
Medo está por dentro do teu coração
(...) Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá para o sertão da minha solidão
"
Belchior - Pequeno Mapa do Tempo
Juro que não queria começar 2006 transformando o humilde espaço em muro de lamentações. Mas se tá tudo bem chatinho, comé-que-faz?
Comprei comida japonesa, botei DVD do Chico com a Mangueira verde-e-rosa, duas paixões, vejam só. Adiantou não, minha gente. Uma "tristezazinha" que insiste, danada.
Insatisfeita pra mais de metro com o trabalho. Trabalho... Que trabalho? Hoje ouvi de uma pessoa da maior confiança, "Kellen, não dá para contar não, não é um emprego". Pois é, não dá. Descobri isso hoje?
Sabe o que mais? Queria não saber de um monte de coisas. Queria não saber que emprego é uma grande ilusão no capitalismo flexível. Queria não saber que a precarização detonou a estrutura social e a identidade do trabalhador, queria não saber (e não ter escrito sobre) a enormidade de casos de depressão por esse motivo. Queria não saber que escolhi me dedicar à pesquisa num país de iletrados. Queria me ocupar da cor da sandália nova, da balada da sexta-feira, vamos lá, eu só tenho 26 anos. Acho que não queria mais tanta "verdade".
E a teeese? Sei lá dela, nem ela sabe de mim. Tô com medo, medão. Não, não dá tempo de fazer uma coisa bem decente como eu gostaria. Não, não é firula. Tô lascada mesmo. E nada de retomar, vontade nenhuma. Talvez amanhã eu vá ao clube, tomar um sol na pele clara. Já sei, já descobri na análise, quando tá difícil, emperrado, não adianta arrombar a porta. Pelo menos isso, não vou forçar. Dizem por aí que passa, que melhora. Pena eu não ter argumentos para acreditar.

10.1.06

Aviso à navegante

Kellen, acabaram os dias de folga, honey. A-C-A-B-A-R-A-M.

Lucidez

Será que a gente é louca ou lúcida, quando quer que tudo vire música?
Bagatelas - Roberto Frejat/ Antonio Cícero
Odeio perceber o quanto estou integrada a esse sistema maldito. Odeio me sentir tão mal por falta de grana, quando tem tantas outras coisas bacanas e bonitas à minha volta.

9.1.06

Ontem

- Top Four
- Buquê de Flores
- Amigas magras
- Geladeira vermelha
- Mostarda (e outros fluídos)
- Máquina de suco de laranja lá em casa
- Vestidos, bolsas e afins


I love trapalhonas! (inclusive a dissidente no nordeste!)

8.1.06

De A a Z

Fiz com ele, inspirada neles, há um tempinho. Aí está:

amor. boca. chico buarque. dúvida. esquerda. flores. gentileza. humanos. imaginação. jazz. kellen. língua. mar. noite. olhos. palavras. queijo. riso. seios. tesão. uva. vinho. walkman. yesterday. xerox. zumbi.

5.1.06

Myself


"Nunca é igual
Se for bem natural
Se for de coração
Além do bem e do mal
Coisas da vida..."
Milton Nascimento - Coisas da Vida
Ando tão reflexiva esses dias. Estranha e reflexiva. Às vezes parece que eu estou espectadora de algumas situações, olhando de fora. Mas sem nenhuma pretensão de ser a portadora da verdade. Só tenho visto muitas coisas que são muito novas. E é estranho.
Eu sempre ouvia dizer que tem um momento na análise que é muito complicado, que a relação familiar fica tensa, etc. Que a gente fica insuportável para conviver. Até perguntei outro dia para a Adriana se existe convívio possível após a análise. Claro que existe, óquei. Mas nesse ínterim, é puxadinho, visse?
Os dias de viagem foram bem bons. Cachoeiras em Minas Gerais. São Bento do Sapucaí e Gonçalves, lugares bem bonitos, verdes, de serras e pessoas diferentes. Uma simplicidade que me cativa. Água, silêncio, sono, comidinhas gostosas, um pouco de cerveja e música ao vivo num barzinho, um repertório lado B. Era o que eu tinha desejado para o ano novo.
Durante a viagem, me surpreendi com alguns pensamentos, sentimentos, anseios. E adorei ser surpreendida. Deixa fluir, né?
Tem tantos quereres na minha vida. Quero lecionar, quero escrever, quero cantar. Quero trabalhar nos projetos do instituto, quero ver shows, quero, quero, quero. Quero amor, quero sim. Pensei nisso nesses dias, nessas estradas e cachoeiras. Amor, cumplicidade, andar junto, olhar na mesma direção. Mesmo que seja assim, fugidio como é a paixão, sem certeza. Quero ver as cores do mundo, quero me encantar.
Ao mesmo tempo, eu sei que essa tranquilidade que experimento agora é o lugar sem paixão. E eu gosto dessa calmaria também. Queria um amor que não sacolejasse tanto. Ver as cores do mundo sem cegar. Será que dá?

4.1.06

Quatro quilos

Minha mãe contou que a Maria Eduarda engordou 500 gramas, tá com quatro quilos. Aí eu tava aqui pensando: cara, eu já pesei quatro quilos. Isso não é incrível??? Primeiro pensei na fragilidade de um ser de quatro quilos e tals, pensei nessa coisa tão incrível que é a natureza. Depois pensei mesmo foi no quanto esse peso aumentou, principalmente depois da festas, se é que vocês me entendem...

3.1.06


Que tem búzios pra jogar, tem massagem no chinês
Instituto de ioga, coleção nas vitrines
Tá na hora de acordar, tá na idade de querer
Namorado pra casar, casamento pra sofrer
A cabeça pra dançar..."
Sinhazinha - Chico Buarque

Ouvindo essa música maravilhosa. A cabeça pra dançar. Querendo querer namorado pra casar. Querendo comprar um apartamento. Querendo, mesmo, terminar essa tese. Mesmo. Querendo receber a grana do C*edec, ou pelo menos saber se sim, se não, e quando. Cansada, com sono, estranha. Estranha, estranha. Um gato entre os pombos. Querendo cantar também. Querendo um lugar de paz. Começamos 2006.