30.4.06

Nome? Kellen
Data de nascimento? 01/08/79
Local de nascimento? São Paulo
Residência? São Paulo
Olhos? azuis
Cabelos? originais? pretos querendo ficar brancos
Altura? 1,67
Destro ou canhoto? destra.
Ascendência? espanhóis, italianos, índios, africanos, enfim, brasileira.
Signo e ascendente? leão e escorpião
Sapatos que usou hoje? sandálias.
Fraqueza? algumas, não sei agora.
Medos? de rato e de ficar presa no elevador
Objetivo que gostaria de alcançar? Terminar a dissertação (nooossa, que original!)
Frase que mais usa no MSN Messenger? não sei
Melhor parte do corpo? seios
Pepsi ou Coca? coca
McDonald's ou Bob's? Bob's.
Café ou cappuccino? nenhum dos dois
Fuma? depende do que
Palavrão? caralho
Perfume? Allure.
Canta? Muito (o que não quer dizer bem, quer dizer bastante)
Toma banho todo dia? claro!
Gostava da escola? sim
Quer se casar? quero
Acredita em si mesmo? muito
Tem fixação com saúde? não
Se dá bem com seus pais? sim
Gosta de tempestades? me inspira umas coisas, eu diria
No último mês...
Bebeu álcool: of course, baby
Fumou: não
Usou drogas: não
Fez saliência: se for o que eu tô pensando, sim
Foi ao shopping: sim
Comeu um pacote inteiro de Oreos: nunca comi Oreos
Comeu sushi: infelizmente não
Subiu ao palco: hein?
Levou um fora: não, a monotonia não permite
Fez biscoitos caseiros: ahn?
Pintou o cabelo: sim
Roubou algo: sim
Já tomou um porre? um?
Já apanhou?
Já bateu?
Número de filhos? nenhum
Como você quer morrer? não penso nisso
Piercings? não
Tatuagens? duas, uma ninfa e uma estrela vermelha
Quantas vezes seu nome apareceu em jornal? na lista de aprovados da FUVEST
Cicatrizes no corpo? no pé (caiu a tábua de passar roupa. não, não sou nada atrapalhada).
Do que você se arrepende de ter feito? nada
Qual sua cor favorita? não tenho uma só e odeio essa coisa de favoritos
Me fale sobre um talento ou habilidade que você tem e que eu ainda não vi ou descobri. impróprio para escrever num blog
Qual sua disciplina favorita na escola? história
Diga um lugar no qual você nunca esteve, mas que gostaria de visitar algum dia (aqui ou no exterior). conhecer a América Latina sobre rodas
Você é uma pessoa matutina ou noturna? noturna
Os astronautas pousaram mesmo na Lua ou foi tudo armação? pergunta para eles
O que você tem no bolso? (Ou, se não há nada no momento, que tipo de coisas geralmente estão lá?) nada, e nunca costuma ter nada também
Em 10 anos, você se vê... (termine como quiser) não penso nisso
Falta energia e você não tem um gerador. Isso quer dizer nenhum eletrônico: computador, TV, vídeo, aparelho de som, etc. O que você faz para se manter aquecido, contente e entretido? Aquecido? depende das circuntâncias e companhia
O que você jamais comeria? várias coisas, sou bem chatinha
Quanto tempo de TV você assiste por dia? não vejo tv. filme não conta, né?
Fale sobre um filme ou programa de TV obscuro e diga por que deveríamos assisti-lo. Sem paciência para pensar sobre isso
Fale sobre uma banda ou talento musical obscuro e diga por que deveríamos ouvi-lo. Não entendi essa história de "obscuro"
Se tivesse que escolher, você preferia estar com muito frio ou com muito calor? Quero como hoje, tá bom assim
Um dia haverá um evento em sua vida tão grande que lhe arrancará da obscuridade e fará seu nome conhecido em todo mundo. Especule sobre o que vai lhe trazer seus 15 minutos de fama. Vou sair correndo, não quero nem um minuto de fama
Qual seria a sua última refeição se você estivesse no corredor da morte? petit gateau
Qual sua lembrança mais antiga? o dia em que parei de chupar chupeta (troquei por balas). eu tinha uns três anos, no máximo
Se você tivesse direito a 3 desejos, qual seria o terceiro? conseguir decidir os dois primeiros
Qual seu vegetal favorito? aipim
O que você queria ser quando era criança? cantora (ainda quero)
Qual o seu time, e por quê? corinthians. como por quê???
Qual sua canção favorita no momento? nunca peça para eu escolher uma canção. Nem no momento
Onde você morou? durante os primeiros vinte e cinco anos, com meus pais, no Butantã, na mesma casa. Depois morei um ano e meio em Perdizes e agora moro há um mês na Bela Vista
Quando criança, quais eram o seu brinquedo, livro, programa de TV e personagem de desenho animado favorito? sei que gostava de escrever, de resto, não lembro
Mostre-nos uma foto de como você era adorável quando criança. não tenho no computador
Se você pudesse roubar algo, certo de que não seria pego, o que seria? acho que nada
Se você pudesse vandalizar algo sem medo de ser pego, o que seria? não vou contar para não me comprometer, caso um dia faça mesmo!HAHAHA
Se você pudesse entrar em um lugar onde não tivesse permissão e ninguém descobrisse, qual seria? não quero entrar em lugar nenhum, obrigada
Existe algum assunto do qual você sabe mais do que qualquer pessoa que você conheça pessoalmente? qualquer coisa sobre mim mesma
Você testemunhou contra a Máfia e tem que deixar o país. Aonde você iria para começar sua nova vida, e que carreira iria tentar? preguiça total de começar uma nova vida
De quais eventos olímpicos você gosta mais e menos? não gosto de nenhum em especial
Se você pudesse incluir ou criar um novo esporte olímpico, qual seria? nenhum
O que você está ouvindo neste momento? Cartola - "Tive Sim". que maravilha
Qual foi a última coisa que você comeu? salada de pinhão, que eu mesma fiz. nem vou contar o trabalho que deu descascar aquilo, viu?
Primeira coisa que você nota no sexo oposto? não sou categórica o suficiente para notar uma primeira coisa específica
Bebida favorita? não gosto disso de favoritos, não sei.
Bebida alcoólica favorita? vinho, cerveja, caipirinha. sou boa de copo
Você usa lentes de contato? não
Irmãs ou irmãos: uma irmã e um irmão.
Mês favorito: gosto de todos, mas me irrito no final de dezembro, com aquele desespero de natal
Comida favorita: de novo isso de favorito?
Último filme a que assistiu no cinema: Clube da Lua.
Você consegue tocar seu nariz com sua língua? tenho mais o que fazer
Qual a primeira coisa em que você pensa quando acorda pela manhã? tenho que acordar mesmo?
Como é o seu wallpaper? uma foto minha com a minha sobrinha linda
Sugira algo para ler, algo para assistir: ouçam o CD "Piano e Voz", da Ná Ozzetti e André Mehmari. é demais
O que lhe irrita acima de tudo... muitíssimas coisas, sou facilmente irritável
O que você faz e que deixa as pessoas irritadas? não sei, mas deve ter um monte de coisas
Nasceu em que dia da semana? quarta
Ator favorito? gosto muito do Marcos Caruso, e do Luis Dumont
Instrumentos que toca? nenhum
Internação em hospital? cirurgia na garganta, eu era criança
Religião? atéia
Qual seu aparelho eletrônico favorito? E qual aparelho você gostaria de ter? computador. um lap top.

29.4.06

Passei o dia todo meio zonza aqui pela casa, lendo coisas diversas, e sem conseguir escrever o bendito tópico prometido para hoje, no meu cronograma.
Isso, eu já desconfiava, é porque eu estava, de novo, encafifada com a história da hipótese. O que eu estou estudando mesmo? Parece que essa pergunta vai me assombrar para todo o sempre.
A questão é que, entre uma leitura e outra, a dúvida me assaltava: o que eu vou escrever no capítulo III? Que tipo de crítica, com base em que mesmo? O dia TODO pensando nisso, aos pouquinhos.
Então, às duas da manhã, eu abro o arquivo “Capítulo III”, e escrevo duas páginas em quinze minutos, descrevendo mais ou menos como será o bendito. Um dia TODO de dúvidas. Quinze minutos de escrita. Não, as dúvidas não acabaram, elas não acabam. Mas agora consigo dormir. Zzzzzzzz

28.4.06

Sabe aquele, o bonitinho da imobiliária? Então, quis me fazer um elogio. Mas não foi feliz, coitado. Começou a falar do FHC. Juro, minha gente (e já estou imaginando as gargalhadas de vocês, pelo menos dos que me conhecem). Aquele papo, você é socióloga, ele é sociólogo (um “mestre”, segundo o rapaz). Aí não dá, né?

27.4.06

Então você vai levando sua vida, entre as tantas confusões à sua volta, dissertação, rinite, encanamento, mami no hospital. E as coisas caminham, e você se enrola, e vai. Não pensa muito, não dá tempo, literalmente.
Mas aí você liga. Ouve a voz. E fica toda atrapalhada, e se sente ridícula, porque quando fica atrapalhada, fala muito, e às vezes besteira. Então você percebe coisas te remexendo por dentro. E fica feliz. Deve ser porque há tempos não via isso passear por aqui.

Vergonha alheia (ou "o valor do silêncio")

Fazia um bom tempo que eu não ia para a faculdade nos horários de aula da graduação. Bom, na verdade, fazia tempo que eu nem aparecia por lá mesmo, mas enfim, hoje fui para o seminário de aniversário do centro de estudos onde trabalho. E devo dizer que, no fim das contas, acho que já tinha me esquecido do quão prepotentes são alguns (muitos) alunos. Gentem, a petulância grassa naquele lugar, cruzes.
Porque nós tínhamos na mesa de debate, nada menos que a professora Marilena, uma das fundadoras do centro de pesquisa. Aí levanta uma moçoila de 22 anos, dizendo não concordar com o que havia sido dito sobre os rumos da redemocratização. Ah, o que ela acha? Que tá tudo muito bom. Que apesar dos pesares, nossas instituições estão consolidadas, que há debate público sobre políticas sociais, que a opinião pública se manisfestou prontamente no caso da crise política, enfim, que ela vê mais avanços do que ausências. Onde? No reino encatado onde ela vive, provavelmente.
Mas não pára por aí. Um outro moçoilo manifestou-se também, é claro. Segundo sua brilhante análise, o presidente da República, quando era oposição, achava que todo o problema no Brasil era moral (juro que ele disse). Ainda segundo o brilhante aspirante a cientista social, só depois de se tornar presidente é que ele se deu conta dos tantos outros problemas. O que isso tinha a ver com o quê? Ninguém pode imaginar, sequer.
Não posso continuar o relato, porque diante disso, num rompante, levantei e saí. Correndo, praticamente. Porque, de tanta vergonha alheia, não conseguia olhar para as caras dos professores. Minha gente, o que esses alunos andam lendo? E o bom senso, acabou mesmo? Para todo o sempre?

24.4.06

E então, esse apartamento é uma bomba relógio, na verdade. Além da eletricidade, o encanamento também não funciona. Aí ligo mil vezes na imobiliária, e o corretor não resolve. Na última conversa, ele simplesmente disse: ah, ta entupido? Isso eu não disse para a proprietária. Ah, não disse? Ta esperando o quê?
A questão é que ele não ouve o que eu falo, o que, em se tratando de um homem, é algo realmente inédito. Mas o pior: eu desliguei o telefone rindo. Por quê? Porque acho o menino bonitinho, afinal, caso contrário, eu teria feito um escândalo, fato. É, eu não presto mesmo.
Hoje foi um dia atípico. Em todos os sentidos. Veio o eletricista para fazer os consertos, e, com tudo desligado, eu não podia usar o micro, nem ouvir música, nem nada que me dispersa. O que fez com que eu passasse o dia todo LENDO. Pois é. Li várias coisas que precisava para a teeese. Vou pedir para o moço vir todo dia.

23.4.06

Infância

Estou comendo bolacha água e sal com manteiga, acompanhada de chá mate. E com uma crise de rinite danada. Isso é minha infância, sem tirar nem pôr.

Mocinha


A Maria Eduarda já é uma mocinha. Ontem ficou brincando conosco, um tempão, sentadinha no colo, distraída com um brinquedinho, às vezes dando gritinhos para interagir com os adultos. Soltando aquele sorriso luminoso, sorriso de quem celebra o quanto é amada.
Tenho a impressão de que ela vai, aos poucos se habituando a esse mundo, essas vozes, aos horários, a essa “socialização”.
Coisa deliciosa é fazê-la dormir. Aquela pequenina, encostadinha no meu peito, respirando mais fundo. Maria Eduarda reclama para dormir. Reclama, reclama, “conversa”, como diz a avó, e então o sono chega, e ela, depois de relutar um tanto, o abraça. Com aquela mãozinha macia, segurando o dedo da tia, o ombro ou o cabelo. Já aprendeu também que a tia gosta de cantar. E tem sido paciente, às vezes até parece gostar. A música preferida, até agora, é “Maricotinha”, do Caymmi. Gosta de coisa boa, que ela não é boba nem um tiquinho.

21.4.06

Suburbano Coração



Quem vem lá
Que horas são
Isso não são horas, que horas são
É você, é o ladrão
Isso não são horas, que horas são

A casa está bonita
A dona está demais
A última visita
Quanto tempo faz
Balançam os cabides
Lustres se acenderão
O amor vai pôr os pés
No conjugado coração

Será que o amor se sente em casa
Vai sentar no chão
Será que vai deixar cair
A brasa no tapete coração
Quando aumentar a fita
As línguas vão falar
Que a dona tem visita
E nunca vai casar
Se enroscam persianas
Louças se partirão
O amor está tocando
O suburbano coração

Será que o amor não tem programa
Ou ama com paixão
Mulher virando no sofá
Sofá virando cama coração
O amor já vai embora
Ou perde a condução
Será que não repara
A desarrumação
Que tanta cerimônia
Se a dona já não tem
Vergonha do seu coração
Chico Buarque

20.4.06

Hoje estava eu aqui, numa boa, fazendo uma faxininha na casa. Aí pensei como está tranqüilo, estou sem muito trabalho, meio que só por conta da dissertação, e tá saindo, até. Estou sem grana, mas beleza também, tá dando para me virar.
A verdade é que não estou sofrendo loucamente como imaginei (e como efetivamente sofri em outros momentos menos decisivos desse mestrado). Então me veio uma coisa do tipo: nossa, mas eu não deveria sofrer? Tem alguma coisa errada comigo, afinal, as pessoas não se descabelam há dois meses de entregar? (menos, bem menos que dois meses, mas “xapralá”).
Pois é, a pessoa, mesmo estando em paz, não se conforma e quer sofrer. Seres humanos, minha gente, sacomé?
Dia desses, deitada com meu irmão, falando bobagens de irmãos, ele perguntou, de repente: sobre o que é seu mestrado? Eu me enrolei toda, comecei a falar meio tensa, achei que ele não estava entendendo. Ele fez aquela cara que a gente faz quando saca um assunto, fez uns sins com o corpo, e então percebi que ele tinha entendido. E isso me fez tão contente.

18.4.06

Estações da existência


Fazia sol e calor, aí de repente foi fazendo um friozinho. Domingo foi frio, foi ficando cinza, e mudando a paisagem. As roupas mudam, os trejeitos das pessoas mudam, fica tudo meio escondido, mais contido: foi-se embora o verão.
Gosto do outono, gosto dos dias gris, gosto dessas cores da estação. Uma noite de outono, embalada. Quem nunca se apaixonou em uma noite de outono? Há alguns anos, me apaixonei num outono. Me derramou na camisa, todas as cores de abril.
Acho que na vida também é assim. A gente vai caminhando, caminhando, e daí mudam as estações. Parece que é de repente, mas na verdade, tem um processo, folhas nascem, para depois cair, afinal. E um belo dia, o dia é aconchegante. E nem é dia de sol. Ah, as estações da existência...

Outono

Um olhar uma luz
ou um par de pérolas
Mesmo sendo azuis
sou teu
E te devo por essa riqueza
Uma boca que eu sei
Não porque me fala lindo
e sim, beija bem
Tudo é viável
pra quem faz com prazer
Sedução, frenesi
Sinto você assim
Sensual, árvore
Espécie escolhida
pra ser a mão do ouro
O outono traduzir
viver o esplendor em si
Tua pele um bourbon
me aquece como eu quero
Sweet home
Gostar é atual
Além de ser tão bom...
Djavan

16.4.06

Te vi


Te vi
Juntabas margaridas de mantel
Ya sé que te trate bastante mal
No sé si eras un angel o un rubi
O simplesmente te vi

Te vi
Saliste entre la gente a saludar
Los atros se rieron otra vez
La llave de Mandala se quebró
O simplesmente te vi

Tudo lo que diga está de más
Las luces siempre enciendem en el alma
Y cuando mi pierdo en la ciudad
Vos ya sabés comprender
Es solo un rato no más
Tendría que llorar o salir a matar
Te vi, te vi, te vi
Yo no buscaba a nadie y te vi

Te vi
Fumabas unos chinos en Madrid
Hay cosas que te ayudan a vivir
No hacías otra cosa que escribir
Y yo simplesmente te vi

Me fui
Me voy de vez em cuando a algún lugar
Ya sé, no te hace gracia este país
Tenías un vestido y un amor
Yo simplesmente te vi
Un vestido y un amor - Fito Paez

14.4.06

se o amor escraviza
mas é a única libertação?

12.4.06

Cabeça para rodar

Você sabe que está mesmo na fase final quando, no ensaio do coral, não consegue prestar atenção nas notas musicais, e só pensa nos textos para ler, e no seu texto da dissertação. O bom é que, de um jeito ou de outro, dizem por aí que acaba.

9.4.06

Abobada

Sim, ela tem razão: sobrinha é uma das melhores coisas do mundo. E quando a sobrinha é a mais fofa, a mais cheirosa, a mais risonha? E quando, além de tudo, ela se parece com você? Bom, aí você fica assim, abobada. E não vê a hora de encontrá-la de novo...

8.4.06

Chove lá fora e aqui...


... está tudo muito bem. Abri a janela para ouvir o barulhinho bom da chuva. Estou cansada, muito cansada. E feliz. Estou onde e como queria estar. Amanhã vem a mamãe, o papai, e a sobrinha para o almoço. Hoje? Filminho e dormir, em mi casita.

7.4.06

Cais

Para quem quer se soltar
invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor
e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir
eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro
pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
Milton Nascimento/Ronaldo Bastos

Danada

Meu pai tem um jeitinho de falar comigo, de me chamar de “danada”. Mas sabe que olhando para mim aqui nesse apartamento-campo-minado, achei que ele tem razão? Sou danada. E acho que é herança genética.
Os primeiros dias aqui foram difíceis. Cada dia uma novidade, a última é que o apartamento de tão antigo, não tem apenas paredes altas e cômodos amplos: tem também uma fiação super-problemática, que queimou meu telefone sem fio. E por conta da confusão com a eletricidade, ainda não tenho chuveiro. Vejam só.
Então o resultado é que a gente pode encarar com um pouco de bom humor, e tomar banho na casa da super-amiga-vizinha, que empresta o sofá cama, a companhia, o papo, e de quebra dá canecas e cortinas e jarra e colher de pau de presente. Juro que tentei ficar mal-humorada, esbravejar, mas se a falta de chuveiro traz essas coisas boas da amizade, por enquanto não vou reclamar (muito).
Hoje o banho foi na casa do zelador, que é fofo, tem uma esposa fofa, enfim, gente boníssima para compensar os “fios desencontrados”. Sim, é isso mesmo, tomei banho na casa do zelador porque além de danada eu sou cara de pau, bastante.
Essa parece a minha primeira noite aqui, apesar de ser a segunda. Acho que é porque estou me apropriando. Acho também que era isso que eu queria. Não sabia que seria tão complicadinho, mas também é bom saber que eu consigo lidar com as confusões. Primeira noite de casa nova, casa minha. Na vitrola, toca “Cais”. Muito apropriada.

5.4.06

Espanto

Juro que tento entender determinadas coisas. Faço um esforço, tenho boa vontade. Mas a única coisa que consigo, mesmo, é me espantar. Ou espantar-me. Ou seja lá o que for.

4.4.06

Simples

Hoje foi o último dia "morando junto". Amanhã mudo definitivamente para o apê novo, mala, cuia e colchão. E travesseiro e edredon.
Aí, voltando para cá, comprei um vinho para brindar com a Van esse tempo que vivemos juntas, e os tempos que virão. Fiquei pensando em contar um monte de coisas para ela, agradecer, dizer que a amo para sempre, enfim, querendo encontrar aquela palavra mágica que traduz tudo aquilo que vem dentro da gente.
Cheguei, começamos a contar uma para outra como foi nosso dia, sentamos para tomar lanche da noite, e chegou visita. Ficamos conversando, abrimos o vinho. Não fosse os móveis que eu já levei, ele nem desconfiaria que eu estou "de mudança". Era uma noite igual a todas as outras.
A visita foi embora, e nós continuamos falando, falando, repetindo as mesmas coisas que já contamos uma para a outra, contando outras, e falando, falando. Tínhamos combinado de ver o filme que alugamos, e para variar, falamos demais, ficou tarde para o filme.
Combinamos que na sexta eu passo aqui para levar umas plantinhas, e então ela vai comigo para casa, vamos jantar lá.
A Van entrou no banheiro, escovou os dentes e falou: "Boa noite, Ké". Como todas as noites. Simplesmente. E para sempre.

2.4.06

Novela

Então eu consegui assinar o contrato de locação e pegar as chaves do apê (já viram alguem insistir para assinar um contrato? normalmente é o contrário, os caras querem alugar de qualquer jeito, e tals, não é? não, não é.)
Aí, quando chego no apartamento, está sem luz. Sim, foi cortada por falta de pagamento, e a proprietária não pagou ainda. Ainda não encontrei a câmera escondida (sim, isso deve ser brincadeira. de um profundo mal gosto.)
Mas mesmo assim fizemos uma parte (grande) da mudança. E eu me mudo de verdade quando o relógio de luz for recolocado (pois é: a eletropaulo tirou o relógio!).
Agora me digam: pra quê uma pessoa precisa de tantos sapatos? E bolsas? Eu sei: para dar um trabalho descomunal na mudança. E ainda tem coisa aqui, espalhada pelo quarto, pelo escritório, daqui a pouco meu pai passa para buscar. Mais coisa. Eu não estou acreditando, de onde saiu isso tudo?