29.5.06

Qualquer maneira de amor vale a pena

As memórias afetivas... Hoje estava ouvindo essa música e lembrei de um dia, há muitos anos átras. Estávamos, a Lenina e eu, descendo a rua da minha casa. Cantarolamos um pedacinho da música e a Lê comentou algo do tipo: "não é lindo isso? dizer que qualquer forma de amor é bonito, vale a pena...". Contemplávamos, as duas, as primeiras descobertas de amor - tínhamos no máximo, quinze anos. Eu devo ter feito para ela algum sinal positivo, algum sorriso de sim, não me lembro agora. Sim. Qualquer maneira de amor vale o canto.
Ê vida, vida, que amor brincadeira, à vera
Eles se amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale à pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale à pena
Qualquer maneira de amor valerá
Eles partiram por outros assuntos, muitos
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
Qualquer maneira que eu cante este canto
Qualquer maneira me vale cantar
Eles se amam de qualquer maneira, à vera
Eles se amam é prá vida inteira, à vera
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Pena, que pena, que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Paula e Bebeto - Milton Nascimento e Caetano Veloso

28.5.06

Ritual de resistência

E todo dia, antes de começar a escrever, eu tenho meu ritual de resistência. Hoje eu entrei no msn, aí senti sono, aí cochilei um pouco, depois li um livro, aí quis fazer uma sopa, depois deu preguiça e comi aquela de pózinho, então vim para a net de novo, e assim vai. Como diz minha amiga, que passa pelo mesmo drama, só tem um jeito mesmo: largar de frescura, rapaz!
Minha mãe me deu umas sopinhas em pó, dizendo que eram ótimas. Eu, que tenho preconceito dessas coisas de pózinho, resolvi experimentar. O sabor da dita cuja era "milho com frango", e a sopinha até que não é tão ruim, fica cremosa, e tals. Mas veja bem: aqueles fiapinhos de frango, gente, numa sopa em pó, aquilo não me convence não...

27.5.06

Na página anterior
Eu achava que sim
Sim,
estava encantada
Mas hoje
sei de mim
O que não me permite
ser auto-enganada

Em suma

saudade eu tenho do que não nos coube
lamento apenas o desconhecido
daquilo que não deu tempo de repartir
você não saboreou meu suor
eu não lhe provei as lágrimas
é no líquido que somos desvendados
no gosto das coisas o amor se reconhece
o meu pior e o meu melhor e os seus
ficaram sem ser apresentados
Marta Medeiros

25.5.06

No bairro

O meu senso de economia não tem limites. Porque eu saio de casa, disposta a sair da clausura-tese: lápis nos olhos, bota que há muito não saía do armário, batom. Até pente no cabelo, vejam só. Caminho em direção ao cinema, ganho a rua Augusta, lá embaixo, onde me deparo com várias daquelas lojinhas de milhares de coisas. Eis que vejo, então, o papel higiênico mais barato do mundo. Muito barato mesmo, dá para comprar quase outro pacote com a diferença. Então não tenho dúvidas: entro, compro, e continuo minha caminhada com o pacotinho a tira colo...
*
Já que comecei a sessão compras, entro na lojinha de cosméticos, que eu imaginei que fosse barata. Só imaginação. A vendedora tenta ser simpática:
- Procura qual tipo de shampoo?
- Ah, não sei, cabelos normais...
- Seu cabelo está natural ou é escova?
- Está naturalmente sujo.
*
Passo pelo Espaço Unibanco, dou uma olhada, mas acho que gosto mesmo do Belas Artes, lá vou eu. Chego, vou para o café. Na minha frente, estão um casal de atores. Os reconheço de alguma novela, mas não imagino os nomes. Os dois estão com uma revista Flash nas mãos, folheando e comentando as fofocas (fofocando, neam?). Pois é, pois é.
*
Assisti "Bonecas Russas". O mesmo elenco de "Albergue Espanhol", cinco anos depois. Entretenimento garantido, engraçadinho, vale. Voltei para casa depois, com o papel higiênico, e constatei que estou adorando morar aqui. Voltei a pé, e olha que antes de mudar fiquei super encanada, achando que era perigoso e tals. É nada, estou em casa.

24.5.06

Em frente à tela, chorando, de repente a pessoa começa a rir: quantos anos faz que não chorava assim, doído, por amor? E fica feliz. Uma demente, ipso facto.

23.5.06

Falar que está passando pelo melhor momento da vida (naquele esquema "paz de espírito dalai lama") quando tudo ao redor está mais ou menos tranquilo, é fácil. Constatar mesmo a gente só consegue quando acontece uma ecatombezinha, né?
Porque hoje em dia eu sei que os dias passam, que as coisas amarelam, e depois apagam (com sorte), e então vêm outros dias, outras coisas e outras cores. Nesse ínterim, é administrar isso e focar ainda mais na dissertação. O que não é ruim, já que fazê-la me faz feliz, me faz feliz esse apartamento, e todas as possibilidades abertas para mim. Não há indícios ao redor para justificar, mas eu realmente sinto que minha vida está iluminada de sins. E se os indícios não são externos, eles estão onde eu sempre quis que estivessem: aqui dentro.
No mais, o blog continua se empenhando em tornar-se um grande panfleto de auto ajuda. Um dia desses (próximo, pelo andar dos posts), eu consigo!

22.5.06

Do Amor

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera
(A noite como fera se avizinha).
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um tempo só múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Hilda Hilst

19.5.06

Não se afobe não
Que nada é pra já...

18.5.06

Di comê


Acredito que possa finalmente afirmar que sei cozinhar. Porque, segundo a minha teoria, a pessoa sabe cozinhar quando faz aquelas coisas de mãe. Receitas complicadas não contam muitos pontos nessa teoria. Tem que manjar do basicão, saca?
Então, eis que anteontem eu fiz caldo de madioquinha com frango, e hoje, fiz caldo de inhame com paio. Isso é totalmente mãe. Soma-se o fato de eu ter usado panela de pressão (ooohhh, tô perdendo o medo da bicha). Sendo assim, sou uma pessoa que sabe cozinhar. Muito obrigada.
*
No mais, estou querendo parar com o açúcar branco. Agora só uso o mascavo, e para pouquíssimas coisas (mentira, uso loucamente, porque aquilo é cana-de-açúcar embalada, como puro, na verdade).
E tinha decidido parar com o refrigerante. Parei com a Coca primeiro, porque nada radical dá certo comigo; mas sabe que essa semana não tomei refrigerante nenhum dia? Acho que essa vai ser fácil.

17.5.06

Diário de bordo

Bom, hoje passei o dia todo com uma tremenda dor nas costas. Seria por que fui dormir às 05h10min AM, escrevendo? Qualquer dia saio para a rua com a cadeira grudada no traseiro (mas essa não é minha, minha amiga dizia isso quando estava escrevendo também).
Aí passei o dia meio zonza, o resto do dia na verdade, porque virei bebê, durmo de dia, passo a noite em claro. Dei uma saída, precisava fazer umas coisas que não fiz ontem, por conta do episódio Bagdá-Brasil (é dele). Voltei, vi um filminho sobre mulheres (chama “Mulheres”, inclusive), e sentei em frente à tela: vamô lá, né?
Eis que aí começa meu dia (noite). Reli as páginas que escrevi ontem, e comecei a me auto-arguir (a pretenciosa). “Kellen, isso é inconsistente com o que a senhorita afirma na página tal”. “Oh, sim, senhora, é mesmo. Entonces vou mudar, peraí”.
Aí fiz mil anotações numa folha, perguntas para mim mesma e tals. E o pior: estou me divertindo horrores! Acho que sou boa nisso de avaliar, sabe? (na verdade, eu ia dizer corrigir, mas achei feio).
Agora, claro, tem tudo a ver com o que escrevi ontem, da paz interior (essa foi a pior do post, muito Dalai Lama, cruzes!). Quando eu conseguiria corrigir o que escrevo, com aquela autocrítica escorpiana do cacete? Sim, porque leonino não se auto-critica: estão para além dessas miudezas! Só podia vir do ascendente, I´m sure.

Amigas

- Kellen, mas o que é terceiro setor?
- Essa é a pergunta que não quer calar!
- HAHAHA

*
- parece que estou borboletando pela casa, sabe?
- é, se ficar em casa esperando, o sapo aparece e come a borboleta.
- Mas essa é a idéia: comendo, tá de bom tamanho.
- HAHAHA

15.5.06

Jóia

Estava escrevendo e senti uma coisa tão boa. Quis contar (para mim, acho).
Senti que estou vivendo "a melhor fase da minha vida". É, essa frase é clichê pra caraleo, ainda mais em se tratando de uma vida curta, né? Óquei, a melhor fase até agora.
E isso não tem a ver com coisas concretas. Os "problemas" estão aqui. Estou escrevendo, é verdade, mas tá apertado. estou sem dinheiro, absolutamente, e minha bolsa acaba daqui a pouco (sem contar que até agora não recebi a bolsa desse mês).
Mas eu estou bem comigo.Ter mudado para esse apartamento foi a melhor coisa que eu fiz (apesar de não saber como vou pagá-lo!). Estou curtindo muito a minha companhia, estou cozinhando para mim, fazendo carinho, estou comigo. Em relação à dissertação, puxa, ela tá saindo. Boa parte já está escrita, e o ânimo e energia para terminá-la está aqui comigo também (além disso, não tem mais tpm até o dia da entrega, só alegria!).
Tem um sol entrando pela janela, me fazendo sorrir sozinha, sorrir de lembrança, sorrir de vontade. E eu estou gostando, e vivendo isso de uma maneira tão tranquila e responsável (comigo mesma, sobretudo), coisa que eu nunca experimentei.
Então pensei que o que eu posso desejar de bom para alguém, e para mim, é continuar sentindo assim. A experiência de sentir-se em paz com você mesma pode até parecer uma banalidade, e deve ser para quem nunca experimentou os revertérios da existência (quem?), mas para mim, é uma experiência incrível, jóia rara.

14.5.06

TPM a quinze dias de entregar a dissertação é a coisa mais infernal de que se tem notícia. Pode acreditar em mim.

12.5.06

Terminando o capítulo II. Ao invés de feliz, eu deveria estar desesperada, descabelada, ciente de que falta pouquíssimo tempo, e aí, tenho que fazer um capítulo III ultra-expresso, com prejuízo de qualidade (isso com a pretensão de que teria qualidade). Mas, fazer o quê, eu tô emocionada com isso, só consigo mesmo é ficar feliz. Até sair para comemorar eu vou.

11.5.06

"Deixa eu te dizer antes que o ônibus parta, que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver nascer uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca qualquer, talvez samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado.”
Caio Fernando Abreu

10.5.06

Na minha vida, tudo sempre acontece ao mesmo tempo. Ou eu vivo aquele marasmo sem fim, ou tempestades. Não, nada de equilíbrio, não sei o que é isso.

9.5.06

Minha irmã contando sonho:

- Sonhei que você trazia seu namorado para a gente conhecer...
- Ah, é? E como ele era?
- Ah, magrinho, de barba, óculos. Um cabelo meio esquisito... Acho que era sociólogo.
- HAHAHA!

7.5.06

Recebe teu poeta, ó bela
Abre teu coração
Abre teu coração
Ou eu arrombo a janela

6.5.06

Madrugada again

De novo a madrugada me salva. Consegui escrever um bocadinho, esboçar argumentos, o que sempre é o mais difícil.
Hoje tive um dia chato. Um dia daqueles. Eu chata, estranha. Parece que a paz resolveu sair para passear (sozinha), e eu já sabia que seria assim. Falta adminstrar, porque a coisa é interna, e também é o mais difícil.

4.5.06

Cotidianas

São mais de duas da manhã, e eu estou aqui com a teeeese. Acabei de encontrar mais material na internet sobre as ONGs. Aí, cacete, acho que tá na hora de parar de procurar, né?
Sempre, sempre, todo dia e toda hora, eu tenho a impressão de que falta coisa, que vão virar para mim e falar: e isso, Kellen? por que você não leu?
Vocês aí da poltrona, acham que eu respondo: porque eu tive 30 meses, seis disciplinas, falta de dinheiro, de paz, e muitas dúvidas existenciais? Sem esquecer, claro, do perrengue "perde-não-perde" a bolsa, que sugou parte de minha escassa energia. Digo isso a eles, lá na sala de defesas da FFLCH?
Já no que se refere às questões mundanas, parece que o frio chegou mesmo, né? Faz-se urgente um cobertor de orelha, questão de primeira necessidade na cesta básica. Faz frio aqui nesse apê, visse? Caceta.
Sei que ando preocupada com dinheiro. Um saco, porque essas coisas deveriam esperar a gente terminar a bendita dissertação para começar a azucrinação, mas que nada, já tá rondando aqui, sem trégua. Acho que terei que procurar trabalho no segundo imediatamente posterior ao depósito da bichinha.
Por hora, estou tentando manter a calma. Tentando rir do meu espanto.