25.2.06

Nada

Já sentiram uma não-vontade? Não é vontade de "não fazer nada", é não ter vontade nenhuma. Nada, nadica. Não quero nada.

24.2.06

Saída

"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo.”

e

"Não há saída, não é? Viver é conviver, conviver, é coexistir, coexistir é irremediável: compromete, afunda, desespera e violenta até o fim, se houver um fim (talvez mesmo depois da morte a gente continue coexistindo). "

Caio Fernando Abreu

23.2.06

Escolha

Então é assim: nas relações afetivas, em quaisquer que sejam, as pessoas, tomadas pela emoção, dizem ou fazem coisas sem pensar. Há que se considerar uma folga, um espaço de flexibilidade, porque, afinal, quem nunca “perdeu a cabeça”?
Mas sempre há, também, um momento em que podemos escolher entre machucar o outro de uma forma cruel, ou não. Lembro daquela passagem do filme “Closer”, em que Alice dizia para Dan que sempre tem aquele momento em que você escolhe se vai ou não, em que escolhe se entregar. O mesmo vale para os desentendimentos: há um momento em que você pode escolher não dizer. Não ofender, não botar o dedo na ferida. Você pode escolher não usar artifícios que não são os mais nobres, para “se defender” do outro. Eu custo a entender amores que são tão inconseqüentes, e desejo profundamente, sempre escolher não machucar. Pode ser que eu não consiga, mas vou perseguir isso, insistentemente.

22.2.06

O que acontece dentro

"Quem pode me explicar o que me acontece dentro? Eu tenho que responder às minhas próprias perguntas. E tenho que ser serena para aplacar a minha própria demência. E tenho que ser discreta para me receber em confiança. E tenho que ser lógica para entender minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo veneno e antídoto." - Marta Medeiros - Divã.

UFA!

Notícia boa: depois de todo drama, fica ansiosa, mobiliza o departamento todo, faz mil e uma, a reivindicação foi aceita, não perderemos a bolsa na prorrogação. Mil vezes UFA!

21.2.06

Dawn



"Vão as minhas meninas
Levando destinos
tão iluminados de sim..."
Chico Buarque

Até agora trabalhando num artigo. Na verdade, agora foi o pouco que consegui trabalhar nele, posto que o dia foi complicado. Mas, relendo, estou gostando do resultado, faz sentido.
Sou bastante autocrítica, então muitas vezes não gosto do estilo da escrita, acho algumas idéias desconexas, ou então acho tudo muito "primário" mesmo. Tenho ainda essas críticas acerca desse texto, mas no geral, gostei do que li.
Amanhã começo uma dieta. Odeio dietas, odeio, odeio, odeio. Odeio privação, na verdade. Mas essa é urgente, é necessária, e eu estou absolutamente certa disso. Na verdade, quero encarar como uma mudança de hábitos, mesmo. Acho que o que mais vou sentir falta é da cerveja.
No bojo das mudanças, a Van e eu resolvemos começar a procurar outro canto para nós. Aos poucos, com tranquilidade, mas decidimos que queremos mudar, mudar essa energia. E isso é muito simbólico para nós duas nesse momento. E é muito especial quando a energia de duas pessoas que moram juntas caminha para a mesma direção; foi muito bom olhar uns predinhos, assim, de soslaio, na volta da conversa ótima que tivemos no boteco. Nosso encontro foi uma preciosidade, eu sei disso, reconheço e comemoro.
Outra sensação é a de que eu quero um outro trabalho independente de perder ou não a bolsa. Não quero esperar junho chegar para ficar desesperada com grana, e posso pensar nisso desde já, sem desespero.
Bom dia, começou minha semana.

20.2.06

A idéia era dormir cedo, para não acordar tão tarde. Não sinto sono.
Sinto uma espécie de medo. Dos meses seguintes, da falta de grana, de solidão. Eu tenho medo, e medo está por fora, já diria o Belchior. Acho que eu queria um carinho que apagasse uma coisa que tem me doído. E a resposta para uma pergunta que me foi feita hoje: sim, eu estou triste.

18.2.06

Sinal vermelho


Estava ouvindo rádio. A novidade? Um mini-curso sobre "como agir no caso de um assalto no farol". A dica? Carregar mais dinheiro do que cartões, porque assim o ladrão fica mais "contente" e desiste da idéia de um sequetro relâmpago.
Como chama isso? Institucionalização da bárbarie: você será violentado, aceite, pague, siga em frente. Mas pratique cidadania no trânsito: espere o sinal verde.

16.2.06

Relógio Biológico


O meu é bem maluco. Noturno, totalmente.
Sabe qual é o horário em que mais produzo? Entre onze e duas da manhã. Acordo às dez, fico meio-acordada até as onze, e então o dia começa. Mas as leituras não fluem tão bem, não me concentro muito, não tenho grandes insights. A coisa acontece depois das onze.
O que preocupa é que eu não vou viver de bolsa de mestrado a vida toda (possívelmente nem no próximo mês). Aí imagina dar aulas às sete e meia da manhã? Gente, não dá.
Faz dois anos que não acordo às sete, a não ser para ir ao Ceasa. Devo ter ido umas quatro vezes em dois anos (!). Pois é, difícil. Quero uma vida noturna.
Agora vou fazer hidroginástica das dez às onze da noite. É um programa do governo do estado, chama "noite esportiva".
Mas sabe que muitas vezes eu me culpo? É, não tem mais com o que sofrer na vida, lá vai ela se culpar porque acorda tarde... Mas sempre paira na minha cabeça a imagem da minha tia, que é super ativa, magra, saudável, acorda cedo, faz mil e uma coisas. Aí lembro também do Garfield, me identifico mais com o segundo, e fico culpada. Um dia eu aprendo. A acordar cedo? Não, a me aceitar como eu sou e não esquecer o quanto é bacana.

Confissão

Não lhe peço nada
Mas se acaso você perguntar
Por você não há o que eu não faça
Guardo inteira em mim
A casa que mandei
Um dia
Pelos ares
E a reconstruo em todos os detalhes
Intactos e implacáveis

Eis aqui
Bicicleta, planta, céu,
Estante cama e eu
Logo estará
Tudo no seu lugar
Eis aqui
Chocolate, gato, chão,
Espelho, luz, calção
No seu lugar
Pra ver você chegar
Adriana Calcanhotto/ Antônio Cícero

14.2.06

Começou

A campanha para sucessão presidencial através da mídia. Sim, porque se em 2004, um distinto panfleto, ops, quero dizer jornal, de São Paulo, não se furtou a fazer campanha explícita para José Serra, não seria diferente agora. A moda é dizer em manchetes que os programas sociais do governo são eleitoreiros, ou dar extensa vazão aos comentários absolutamente parciais que são feitos pela cúpula tucana. E esse ano será longo.
Mas ainda temos um alento. Corre aqui. Escolhi uma matéria, mas vocês podem zapear pelo site, à vontade.

A saga

"que salta de sonho em sonho
e não quebra telha
que passa através do amor
e não se atrapalha
que cruza o rio e não se molha"
Ludo Real - Chico Buarque /Vinícius Cantuária
Pois é, a saga continua. Se a gente perde ou não perde a bolsa? Não se sabe, mais uma semana, a comissão de bolsas vai se reunir. Ai, a burrocracia. Que não dá conta nem das próprias regras que inventa, naturalmente.
Ando cansada que só, querendo sair correndo.
Pensei em perguntar para os búzios se perco a bolsa ou não, definitivamente. Deve ser mais preciso.
Então amanhã vou me matricular na natação, tá decidido. Preciso cuidar do corpo. Retomar a relação com o corpo, mais precisamente. Cuidar desse braço, cuidar de mim. Não quero chegar ao final dos quatro últimos meses em frangalhos, vejamos o que consigo.
Estou cansada. Não, não é cansaço físico. É cansaço abstrato. Hoje senti tanto sono, tanto. Fugi para a cama da minha mãe, literalmente. Fugi para o feijão com arroz da minha mãe. Voltei para casa de moto, brincando com o meu irmão.
Agora, de frente para a tela, estou meio assustada. Meio que com medo desse mundo todo, desse mundo pouco. Lembrei da música que um amigo novo comentou, no sábado: queria saber pular de sonho em sonho sem quebrar telha. Só um pouquinho que fosse.

11.2.06

A questão

Era a vontade de me ver com seus olhos. Quais fantasias fazes a meu respeito? O que vê?

9.2.06

Helicópteros e idiotas

Transcrevendo trechos do texto de Walter Salles, publicado hoje no "Tendências e Debates", na Folha.

Os Idiotas
WALTER SALLES
Praia de Lopes Mendes, Ilha Grande, domingo de manhã. Como é uma área de proteção ambiental, não há carros. Chega-se até ali caminhando por uma longa e bem-preservada trilha através da mata atlântica ou pelo mar, de barco. Por causa das férias escolares, há muitas crianças na areia. De repente, o cenário se transforma numa cena de "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola. Um helicóptero dá um rasante na praia. Depois chega outro, e logo mais um terceiro. Ferindo a lei, pousam ao lado da areia, perto de uma pequena igreja construída pelos pescadores da região -uma das únicas edificações da praia.Os passageiros saltam. Você já os viu naquelas revistas que glorificam "celebridades". Caminham pela praia, dão um rápido mergulho, mas não ficam. Logo partem para atazanar uma outra freguesia, não sem antes darem novos rasantes na praia. O negócio não é desaparecer na geografia de um lugar. O negócio é ser visto.Não interessam as tradições do local. Interessa, ao contrário, trazer consigo o mundo em que essas pessoas vivem. (...) Ir à praia de helicóptero, no Brasil de hoje, não é uma exclusividade do litoral fluminense. Em Trancoso, na Bahia, um helicóptero pousou na semana retrasada em plena praia do Espelho, lançando areia sobre os banhistas que lá estavam. Saudável reação: foi apedrejado. (...) Num país em que o próprio presidente fala de leis que "pegam ou não pegam", pousar de helicóptero em locais proibidos pela lei pegou. Não é à toa, aliás, que helicópteros são expostos na Daslu, ao lado de calcinhas subfaturadas. Estão na moda.Há algo de sintomático nisso. Em primeiro lugar, a já cansativa confusão entre o público e o privado, que, no Brasil, a cada ano se acentua. Hoje, o que é privado é defendido a unhas e dentes, atrás de vidros blindados, em ruas com cancelas e seguranças. O que é público é constantemente conspurcado. Não importa se uma praia é área de proteção ambiental. Pousa-se ali porque se quer e (não) se pode.Sintomática, também, é a ausência de fiscalização por parte das autoridades competentes. Retrato de um país em que alguém vai preso por roubar um alicate em um supermercado, mas um ex-governador de São Paulo com centenas de milhões de dólares em contas-fantasmas no exterior está solto, comendo pastel em Campos do Jordão.(...) Um economista do MIT, Lester Thurow, sustenta a tese de que "o que falta na América Latina é elite. O que existe é oligarquia. As oligarquias desfrutam ou herdam o poder, mas não entendem as responsabilidades públicas inerentes a ele". Ou seja: querem os privilégios, mas não os ônus. Querem a gravata da Gucci, mas não os impostos de importação, que se convertem em saúde, educação etc. Depois, reclamam da falta de segurança, da inoperância dos governos, apadrinham uma creche para apaziguar a consciência e, ato final, compram um helicóptero para sobrevoar os nossos Haitis.São Paulo já é a segunda cidade com o maior número de helicópteros em operação no mundo, perdendo apenas para Tóquio, no Japão. Em parte, essa estatística se deve ao transito caótico das duas cidades, à extensão geográfica que ocupam, à falta de planejamento urbano. Presume-se, também, que muitos desses aparelhos sejam utilizados de forma correta -o que não elimina o problema criado pelos usuários que não agem dessa maneira.Para finalizar: muitas vezes me perguntam por que o cinema brasileiro fala tão pouco de suas elites. A resposta é simples: porque não é fácil falar de classes dominantes tão caricatas. Pena que Buñuel não esteja mais entre nós. Nem Tomas Gutierrez Alea, cujo olhar cáustico também teria dado conta do recado. Sobra Lars von Trier, que fez um filme sobre um bando de pessoas que fazem de tudo para chamar a atenção. Chama-se "Os Idiotas".

Derretendo

28ºC às onze e meia da noite é um pouco demais para os padrões paulistanos... Chega, por favor!

7.2.06

Poeta camarada

Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Vinícius de Moraes/Toquinho


Assisti "Vinícius". De cara, devo dizer que não há mau humor que resista a Vinícius de Moraes: me rendi.
O filme é uma delícia, quero comprar o DVD, quando sair. Que pessoa, o Vinícius. De grandes afetos, algum dos convidados disse.
Bonito é ver, também, o depoimento de Chico, Edu, Gil, sobre o deslumbramento frente à novidade da bossa-nova. Eu, que não sei como é sem ela, fico também deslumbrada com esse deslumbramento.

Olha, Maria...

Olha, Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir

Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar
Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar

Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré

Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar

Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder

Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer
Chico/Tom/ Vinícius
Essa música, cantada pelo Milton (Songbook Chico Buarque) é simplesmente divina.
Hoje me sinto Maria... E a vida não espera, é uma primavera. Não quero perder.

6.2.06

Confusa

Eu faço cada coisa, olha, sinceramente, não entendo. Mas se eu tô querendo fugir disso, então não vou ficar escrevendo aqui, alguma coerência se faz necessária nesse momento.
No mais, eu não gosto de calor, não aguento essa "quentura" toda, não consigo me concentrar. Quero e preciso terminar o primeiro tópico da nova versão do capítulo I até domingo (recomeçando do zero, lembram?). Que São Pedro, ou seja lá o que for, coopere comigo, hihihi!

5.2.06

Music makes the people



"Acordei feliz
Até cantei
Cortei raízes e me desprendi
Senti-me solta
Confiante e forte
Deixei os medos
Que me prendem a ti
Acordei feliz e espero agora
Não dormir de novo
Para não Ter sonhos
Que me levem aos medos
Que me atormentam
Que me entristecem
E me prendem a ti"

Livre - Roberto Mendes e Mabel Velloso,
na voz da Belô Velloso



Estava eu ouvindo essa música aí de cima, e pensando no quanto "aprendi" sobre relações enquanto ouvia todas as muitas e muitas músicas que tocam aqui na minha vitrola interna.
Claro que o que a gente aprende durante a vida vem de diversas fontes. A análise tem papel fundamentalíssimo nisso, e depois, estão as vivências todas, as histórias das amigas, aquilo de viver junto, o que a gente troca com os outros. E a música.
Essa mesmo, me faz lembrar de um tempo doído. Puxa vida, dias desleais aqueles, viu?
Um amigo escreveu um livro de nome sugestivo (Vitrola Psicanalítica) e nele aborda a questão da música no espaço da análise: como o paciente leva suas "vivências musicais" para a análise, e como isso influencia/ajuda o processo. É mais que isso, e melhor, podem acreditar em mim. E tem tudo a ver comigo, a própria trilha-sonora-ambulante. Mas como é bom, minha gente. Como eu aprendo.
Além, é claro, de aprender vivendo. Porque outro dia ouvi de uma pessoa: eu nunca me apaixonei assim, nunca sofri por amor. Eita, a interrogação já se plantou na minha cabeça: mas como é a vida sem nunca ter sofrido por amor?

3.2.06

"Era uma vez uma mulher
que via um futuro grandioso
para cada homem que a tocava.
Um dia, ela se tocou".
Alice Ruiz

1.2.06

Mantra

A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
Gonzaguinha

Quem sabe se a gente repetir muitas e muitas vezes dá jeito...

Formosa

Formosa, não faz assim
Carinho não é ruim
Mulher que nega
Não sabe não
Tem uma coisa de menos
No seu coração
A gente nasce, a gente cresce
A gente quer amar
Mulher que nega
Nega o que não é para negar
A gente pega, a gente entrega
A gente quer morrer
Ninguém tem nada de bom
Sem sofrer
Formosa mulher!
Baden Powell/Vinicius de Morais

Absolutamente apaixonada por essa música. Alguém sabe se a Elis gravou em CD???