2.4.05

No meio

Mais uma sobre cotidiano coagido paulistano.
Estava eu agora voltando do meu típico programa classe-média-universitária-uspiana-meio-de-esquerda-meio-intelectualóide (foi o Antônio Prata que cunhou o último termo, para quem não sabe): almoço no sábado num retaurante caro com cara de "alternativo". Em Pinheiros, claro.
Pois bem, peguei um ônibus para voltar para casa. Sábado, quatro da tarde, o ônibus lotado. Agora, com as portas no meio do ônibus, acontece uma coisa muito inteligente: as pessoas ficam paradas nessa porta, no MEIO do ônibus, impedindo a passagem. E não importa se elas farão uma viagem de três minutos (como era a minha), ou de uma hora (como deve ser a de quem mora na Cohab Jardim Antártica).
E aí aconteceu uma cena que me fez lembrar um filme, aquele, Cronicamente Inviável. A história era assim: havia uma briga, num ônibus lotado, e aquele personagem cínico, e ótimo, dizia algo do tipo: estão todos na mesma merda, mas eles preferem brigar uns com os outros.
Alguém queria passar pelo MEIO DO ÔNIBUS CONGESTIONADO, e então xingou umas duas pessoas que "consgestionavam" a passagem, e essas pessoas revidaram, enfim, aquela maravilha que vocês podem imaginar.
Óquei, a galera podia ter noção e não parar no MEIO. Mas de quem é a culpa? Estamos todos na mesma merda, ou não estamos? E esse espaço público, é de quem, pra quem, quem tem que se ver com isso?
Tudo bem diminuir a frota de ônibus no fim de semana, deliberadamente? Tudo bem, né? Proletário (nooossa, quanto tempo eu não usava esse termo!) não precisa usar ônibus para nada além de trabalhar, das oito às seis.
Mas a questão vai além dos absurdos cometidos diariamente contra os cidadãos. A questão é que não tem público, não tem coletivo. Uma música que eu não me lembro qual, diz que no caos ninguém é cidadão.
Que mundo mais vagabundo foi esse que escolheram para a gente viver?
Ah, só para constar: o tema do meu mestrado é espaço público...hehehe

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Vc ta dexando seu blog muito difícil..... Só coloca citação de coisa que não assisti e que não ouvi... ( menos Os trapalhões...) Não é justo.... Além de palavras difícieis....( Ninguém normal usa a palavra PROLETÁRIADO em um blog... eu sei o q é, mas soh aprendi a + ou - um mês na aula de história.....) Mesmo assim pra uma pessoa classe-média-universitária-uspiana-meio-de-esquerda-meio-intelectualóide ta bom!!!!

Gosto muito de ti!!!
Bjaum...

9:46 PM, abril 02, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Perfeito fia!
Adorei!!!
Bjos
Lenina

4:12 PM, abril 04, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Olá,

Sei que é feio ficar bisbilhotando a vida alheia, mas estava procurando o texto "Notícia de Jornal" de Luis Reis e Haroldo Barbosa e vim parar em seu blog. Não resisti e li o que pude. Você escreve muito bem, parabéns! (Embora sejam textos típicos da classe-média-universitária-uspiana-meio-de-esquerda-meio-intelectualóide, tem o seu estilo)
Bem, mas como sou meio obsessivo por informação precisa, não resisti em trazer-lhe a música "O Calibre" dos Paralamas do Sucesso, aquela "...que eu não me lembro qual, diz que no caos ninguém é cidadão." (sic) Pois é, tome aí:

O Calibre (Paralamas do Sucesso)

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)

Por que caminhos você vai e volta?
aonde você nunca vai
e que esquinas você nunca para?
à que horas você nunca sai?
Há quanto tempo você sente medo?
Quantos amigos você ja perdeu?
Enfrigerado vivendo em segredo
e ainda diz que não é problema seu

E a vida já não é mais vida
no caos ninguém é cidadão
as promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
perdido em números de guerra
rezando por dias de paz
não ve que a sua vida aqui se encerra
com uma nota curta nos jornais

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)

Por que caminhos você vai e volta?
aonde você nunca vai
e que esquinas você nunca para?
a que horas você nunca sai?
Há quanto tempo você sente medo?
Quantos amigos você ja perdeu?
Enfrigerado vivendo em segredo
e ainda diz que não é problema seu

A vida já não é mais vida
no caos ninguém é cidadão
as promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
perdido em números de guerra
rezando por dias de paz
não ve que a sua vida aqui se encerra
com uma nota curta nos jornais

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei, daonde vem o tiro (2x)

eu vivo sem saber...
até quando ainda estou vivo.
---------------------------------
Um abraço,

Paulo Marques
marques.psi@gmail.com

12:28 PM, outubro 31, 2006  

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