17.11.05

Cá com meus botões

"Sempre que te vejo assim
Linda, nua, e um pouco nervosa
Minha velha alma, ganha alma nova"
Curtindo muito música nova do Zeca, essa aí em cima, "alma nova".
Pensando que eu preciso ganhar mais um bocadinho de dinheiro, tá apertado. Mas preciso mesmo é de ter vontade de fazer e viver coisas, isso que é vital. Por hora, tá comigo.
Tenho pensado bastante sobre resistir. Essas micro-resistências diárias.
Claro que é difícil pra c*ralho nesse mundo cão. Claro que a gente olha para tudo em volta e se pergunta: pra quê? Pra onde?
Mas fiquei pensando também em outras "revoluções", e resistências. Aquelas individuais, diárias, das quais só a gente mesmo pode dar conta.
Como a história de se cuidar um bocadinho. Porque aí a gente reclama que aquela calça não entra mais. Mas e se a gente resolve se exercitar ao invés de comer uma alface no almoço que só serve para deixar mais infeliz? E se, mesmo se exercitando e tals, a gente não consegue mais "entrar no jeans" de muitos anos átras, e aí desencana e se aceita assim, gostosa do jeito que é?
E tem aquela dor no braço, aquela, tendinite-medo-da-tese. Mas e se a gente começa aquelas aulas de alongamento, que são tão bacanas? E que não tem nada a ver com a tortura que é uma aula de musculação, ao contrário, é um prazer...
A vida é dura, o caminho é de pedras, cheio de artigos, e trabalho, e prazos, e dissertação, e isso-e-aquilo. Mas dá pra ver aquele filme do Truffaut ou do Fellini. Sempre dá. Dá pra caminhar na Paulista à noite, observar aquelas-todas-luzes. Assistir aquele showzinho de-grátis no Sesc Consolação (ou em qualquer outro SESC). Dá até para comer um petit gateau e ficar feliz da vida.
E tem o aluguel, a conta do telefone, e tantas e tantas cositas pra pensar/pagar. Mas tem também tanto CD bacana para ouvir, alimentar a alma. Tem sempre minhas amigas e amigos tão especiais, pra beber-e-conversar-e-rir-e-chorar. Tem puf, dvd e edredon, e a amiga-companheira-de-casa mais bacana do mundo, pra dividir filmes, pipoca, brigadeiro, angústias e risadas.
Tem hábitos para mudar, coisas para melhorar. Mas dá para mudar um hábito por dia, ao invés de se colocar aquelas metas impossíveis, que só servem pra nos dar a sensação de mais fracasso.
E se a gente experimenta um outro caminho? E se aceita que a vida é inédita assim mesmo, sem script? E se a gente se faz carinho, será que dói?
E se, nesse ínterim que chamam por aí de existência, a gente consegue viver um dia, depois o outro? O que será que dá?

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

nuuussa, de novo: ADOREI esse post.
:))))))

10:31 AM, novembro 18, 2005  
Anonymous Anônimo said...

eu também, seus textos estão ótimos mesmo!

12:33 PM, novembro 18, 2005  
Anonymous Anônimo said...

"E se a gente se faz carinho, será que dói?". Dói não, faz bem.
Beijos

5:38 PM, novembro 18, 2005  
Blogger Taís said...

que coisa essa nossa "conexão", hein? passei a amnhã inteira ouvindo essa música, o resto do dia com ela na cabeça...
beijo

1:17 AM, novembro 19, 2005  
Blogger Camila Rodrigues said...

Bom, como todos: adorei esse post. A gente vai devagarinho e, de repente, se lembra do que escreveu o Rosa: felicidade se acha em horinhas de descuido.
Abração
Ca

1:37 PM, novembro 21, 2005  

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