Entrevista
Trechos de entrevista do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos para a Folha, vale a pena:
Folha - O sr. disse enxergar movimentação para um "golpe branco" da oposição. A estratégia ainda está em curso?
Wanderley Guilherme dos Santos - Fico espantado com a dúvida das pessoas sobre esse assunto, quando ele passou a ser um tópico banal. Basta ver que o que passou a ser discutido todos os dias no começo da crise eram os cálculos da oposição para saber se, quando e como promoveriam o impedimento do presidente.Quem falou em impedimento foi o ex-presidente Fernando Henrique. Ora, um pedido de impedimento com base no que havia... O que havia era a descoberta de uma transação corrupta dentro dos Correios, mais nada.A representação tendo em vista o impedimento aparece inteiramente descolada de qualquer argumento em relação aos motivos comprovados que justifiquem o pedido de impedimento. Aparece, isto sim, como discussão em torno da oportunidade.Ou seja, a discussão não é se há motivos para o impedimento, mas se, considerando o sucessor, o impedimento deve ser promovido. O que é isso? Estão discutindo de forma precipitada o afastamento do presidente. Se é precipitado, significa que não tem base. E isso se chama golpe.
Folha - Mas parece que a oportunidade para pedir o impedimento já apareceu e a oposição não levou isso adiante...
Santos - Já apareceu, sim. A colocação é muito interessante, porque golpe branco ou você dá em 48 horas ou, então, não dá mais.O que ficou claro é que houve a tentativa imediata de tirar o presidente nos primeiros dias da crise. Depois, com o passar dos tempos é que perceberam o que significaria tirar Lula, com todas as conseqüências políticas.Já passou a hora do golpe branco, sim. E isso cria um problema complicado, porque, agora, se houver e se aparecerem motivos jurídicos e políticos razoáveis que comprovem a participação ou conivência do presidente da República em todos esses episódios, ele tem de sair. E aí quem não quer mais isso é a oposição.
Folha - Por quê?
Santos - Há duas formas de esterilizar um governo. Uma é o impedimento. A outra é a que a oposição vem usando, impedindo o governo de governar. Isso vem sendo chamado pelo nome "gentil" de sangrar o governo. É uma retórica de jagunço, sangrar o governo, sangrar o presidente da República.
Folha - O sr. vê uma "conspiração das elites" contra Lula?
Santos - No século 20, a linguagem educada esteve e está até hoje muito influenciada pelo marxismo e pela psicanálise. Assim, quando se fala em elite, imediatamente, as pessoas educadas pensam em elite econômica, que é a forma primária ou o marxismo primário ou vulgar. Pensam em elite econômica e ficam sem saber como explicar se, afinal de contas, as elites econômicas estão favoráveis ao governo. E não sabem sair desse círculo de giz.Esses comentaristas, por causa disso, ficam extremamente incapacitados de perceber algo que está acontecendo e que é raro ver dessa maneira, que é a luta pelo poder nua e crua. Trata-se de disputa por poder. Quem não enxerga isso perde a oportunidade de ver essa disputa, as estratégias que são utilizadas, as manobras.
Folha - E que papel joga o PFL nessa crise?
Santos - Uma outra coisa que, para mim, ficou revelada, foi que, no plano do poder nacional, o PFL é um partido laranja do PSDB. O PFL é um partido autônomo nos planos estaduais, mas no plano nacional não tem projeto autônomo e é liderado pelo PSDB.
Folha - O sr. concorda com a opinião segundo a qual o nosso sistema político, com o presidencialismo de coalizão, seria o responsável pela crise?
Santos - Não concordo. A responsável pela crise é uma luta de poder. E só. O que houve foi a utilização de um bolsão de corrupção como arma para atacar o governo. Fosse qual fosse o sistema político. Até porque o parlamentarismo existente no mundo democrático é de coalizão.
Folha - O que o sr. pensa sobre as propostas de reforma política?
Santos - Em um momento como esse, surgem predadores de todo tipo. Não sei se alguma delas vai ter sucesso, mas eu não posso tomar isso como uma discussão fora do contexto em que é apresentada. No contexto atual, são predadores. Se é solução para alguma coisa? Não é. O que está em pauta é o esquema de corrupção que tem de ser investigado com a extensão dele.
Folha - Qual prejuízo que uma reforma agora pode trazer?
Santos - Uma das conseqüências ruins é o reforço da tradição bacharelesca brasileira de elaborar leis draconianas na suposição de que, se você torná-las mais duras, conseguiria impedir os crimes políticos. Por exemplo, querer proibir chaveirinho é de um ridículo atroz.O que fica implícito nisso é simplesmente o potencial de enriquecimento de um outro grupo de predadores da vida político-social brasileira, que é a corporação dos advogados. O resultado dessa legislação perfeccionista é que se pagam advogados a peso de ouro para ensinar como fraudar e a quilos de ouro para fazer a defesa de quem é pego fraudando.
Folha - Como o sr. avalia o comportamento da imprensa na crise?
Santos - O que está em jogo é o seguinte: como é que o sr. Roberto Jefferson conseguiu obter a projeção que obteve e levar durante muito tempo a CPI dos Correios pelo "narizinho"? Por que ele conseguiu isso? Porque ele estava falando a verdade? Não. Porque interessava ao PSDB e ao PFL.Só por isso. Achar que é porque ele estava falando uma coisa que chocava... Se fosse só isso, não dava. Se não desse no "Jornal Nacional", não acontecia tudo isso. E, para dar no "Jornal Nacional", tem que interessar ao PSDB e ao PFL. Por exemplo, não foi suficiente o editorial da Folha [no episódio da compra de votos para a provação da emenda da reeleição de FHC, em 1997] para criar um escândalo.
Folha - E por que foi diferente no caso de Jefferson?
Santos - Porque é do interesse das Organizações Globo. Isso é um outro tema. Quando digo imprensa, eu quero me referir implicitamente às Organizações Globo, que são um problema dentro do processo político brasileiro.O "Jornal Nacional" tem a emoção da opinião pública brasileira sob controle. Durante o mês passado, as ansiedades, expectativas e angústias eram geradas pela dramaturgia do "Jornal Nacional". Ele tem controle sobre a temperatura da emoção. Isso não é algo que deva ser considerado normal em uma democracia.O que acontece é que, em países como o Brasil, a imprensa é um ator político relevantíssimo. Sua moeda é justamente ter poder sobre a emoção da opinião pública. Para que serve esse poder? Para obter conformidade de governo.
Folha - E o comportamento dos intelectuais? Eles devem participar do debate na imprensa?
Santos - O papel dos intelectuais é oferecer suas análises. Mas o espetáculo que eles deram agora, os poucos que se manifestaram, a convite, para dizer que não havia golpe, foi triste. A análise deles é primária, são incompetentes. A maioria dos intelectuais que se manifestaram foi de uma pobreza franciscana.Não sabem o que está acontecendo e ficam dizendo bobagens. Se você prestar atenção, os intelectuais que falam sobre política só têm opinião do senso comum.Só que eles manifestam o senso comum com uma linguagem e uma pomposidade que parece que eles estão ensinando alguma coisa que valha a pena.Eles não estão tendo nenhuma influência nesse momento. Não estão tendo nenhum papel. Estão omissos. O que dizem não tem a menor repercussão. Não tem nenhum impacto.
Folha - Qual a avaliação que o sr. faz do momento que vive o PT?
Santos - A origem dos problemas atuais foi essa, segundo o diagnóstico do próprio PT. Seu funcionamento interno foi maculado e só porque foi maculado é que aconteceram as coisas que até agora aconteceram.Portanto, e isso é importante, os ilícitos que ocorreram não resultaram do funcionamento normal do PT, mas, justamente, de uma violação das normas legais de funcionamento interno. Pelo que tem aparecido nos jornais, há duas linhas principais de concepção que o PT pode seguir.Uma entende que o que ocorreu foi uma violação do modo normal de o partido operar. Esse é o diagnóstico da nova direção. Por todas as declarações que tenho lido, sobretudo do Tarso, ele considera que a "regeneração" do partido depende de uma ascensão de tendências bem à esquerda do que vinha sendo a direção. Por quê? Porque elas teriam uma opinião apropriada do partido em relação ao governo, ou seja, se contrapondo a algumas políticas.Discordo. Neste momento, a visão de Tarso escapole para uma avaliação que vai ajudar a inviabilizar o PT como partido, pelo menos integrado como até agora.Do outro lado, aqueles que acho que têm a perspectiva correta do partido em relação ao governo, que é de apoio, são as pessoas, pelo menos as que tem aparecido, que são apontadas como responsáveis pelos desvios de administração. E vejo que, se se preservar esses que violaram a democracia interna, também se levará a impasses de difícil superação.
Folha - O partido caminha para um racha?
Santos - Acho que sim. Temo que sim. É com isso que eu estou preocupado, porque eu acho que os dois campos principais que se defrontam agora criam linhas de clivagem. Não vejo denominador comum. Estou vendo um racha de cabo a rabo: na política em sentido partidário, na política mais ampla, na política econômica...
Folha- Qual a conseqüência de uma eventual desagregação?
Santos - Estou preocupado com o PT como instituição. Por conseqüência, com o PT como uma força capaz de incorporar camadas muito amplas da população na vida política. É um partido com capacidade de agregar setores mais pobres da sociedade, que não estariam ligados à política, e que foram incorporados por uma adesão pelo menos simpática ao PT.Essa participação ampliada é importante para a democracia. Isso pode abrir campo para populismos demagógicos, na ausência de um partido mais disciplinado e mais ideologizado.
Folha - E isso seria um certo retrocesso no amadurecimento político brasileiro?
Santos - Sem dúvida nenhuma. Se isso vier a acontecer, será o grande ilícito que a [antiga] cúpula dirigente do PT terá praticado.
Folha - O sr. disse enxergar movimentação para um "golpe branco" da oposição. A estratégia ainda está em curso?
Wanderley Guilherme dos Santos - Fico espantado com a dúvida das pessoas sobre esse assunto, quando ele passou a ser um tópico banal. Basta ver que o que passou a ser discutido todos os dias no começo da crise eram os cálculos da oposição para saber se, quando e como promoveriam o impedimento do presidente.Quem falou em impedimento foi o ex-presidente Fernando Henrique. Ora, um pedido de impedimento com base no que havia... O que havia era a descoberta de uma transação corrupta dentro dos Correios, mais nada.A representação tendo em vista o impedimento aparece inteiramente descolada de qualquer argumento em relação aos motivos comprovados que justifiquem o pedido de impedimento. Aparece, isto sim, como discussão em torno da oportunidade.Ou seja, a discussão não é se há motivos para o impedimento, mas se, considerando o sucessor, o impedimento deve ser promovido. O que é isso? Estão discutindo de forma precipitada o afastamento do presidente. Se é precipitado, significa que não tem base. E isso se chama golpe.
Folha - Mas parece que a oportunidade para pedir o impedimento já apareceu e a oposição não levou isso adiante...
Santos - Já apareceu, sim. A colocação é muito interessante, porque golpe branco ou você dá em 48 horas ou, então, não dá mais.O que ficou claro é que houve a tentativa imediata de tirar o presidente nos primeiros dias da crise. Depois, com o passar dos tempos é que perceberam o que significaria tirar Lula, com todas as conseqüências políticas.Já passou a hora do golpe branco, sim. E isso cria um problema complicado, porque, agora, se houver e se aparecerem motivos jurídicos e políticos razoáveis que comprovem a participação ou conivência do presidente da República em todos esses episódios, ele tem de sair. E aí quem não quer mais isso é a oposição.
Folha - Por quê?
Santos - Há duas formas de esterilizar um governo. Uma é o impedimento. A outra é a que a oposição vem usando, impedindo o governo de governar. Isso vem sendo chamado pelo nome "gentil" de sangrar o governo. É uma retórica de jagunço, sangrar o governo, sangrar o presidente da República.
Folha - O sr. vê uma "conspiração das elites" contra Lula?
Santos - No século 20, a linguagem educada esteve e está até hoje muito influenciada pelo marxismo e pela psicanálise. Assim, quando se fala em elite, imediatamente, as pessoas educadas pensam em elite econômica, que é a forma primária ou o marxismo primário ou vulgar. Pensam em elite econômica e ficam sem saber como explicar se, afinal de contas, as elites econômicas estão favoráveis ao governo. E não sabem sair desse círculo de giz.Esses comentaristas, por causa disso, ficam extremamente incapacitados de perceber algo que está acontecendo e que é raro ver dessa maneira, que é a luta pelo poder nua e crua. Trata-se de disputa por poder. Quem não enxerga isso perde a oportunidade de ver essa disputa, as estratégias que são utilizadas, as manobras.
Folha - E que papel joga o PFL nessa crise?
Santos - Uma outra coisa que, para mim, ficou revelada, foi que, no plano do poder nacional, o PFL é um partido laranja do PSDB. O PFL é um partido autônomo nos planos estaduais, mas no plano nacional não tem projeto autônomo e é liderado pelo PSDB.
Folha - O sr. concorda com a opinião segundo a qual o nosso sistema político, com o presidencialismo de coalizão, seria o responsável pela crise?
Santos - Não concordo. A responsável pela crise é uma luta de poder. E só. O que houve foi a utilização de um bolsão de corrupção como arma para atacar o governo. Fosse qual fosse o sistema político. Até porque o parlamentarismo existente no mundo democrático é de coalizão.
Folha - O que o sr. pensa sobre as propostas de reforma política?
Santos - Em um momento como esse, surgem predadores de todo tipo. Não sei se alguma delas vai ter sucesso, mas eu não posso tomar isso como uma discussão fora do contexto em que é apresentada. No contexto atual, são predadores. Se é solução para alguma coisa? Não é. O que está em pauta é o esquema de corrupção que tem de ser investigado com a extensão dele.
Folha - Qual prejuízo que uma reforma agora pode trazer?
Santos - Uma das conseqüências ruins é o reforço da tradição bacharelesca brasileira de elaborar leis draconianas na suposição de que, se você torná-las mais duras, conseguiria impedir os crimes políticos. Por exemplo, querer proibir chaveirinho é de um ridículo atroz.O que fica implícito nisso é simplesmente o potencial de enriquecimento de um outro grupo de predadores da vida político-social brasileira, que é a corporação dos advogados. O resultado dessa legislação perfeccionista é que se pagam advogados a peso de ouro para ensinar como fraudar e a quilos de ouro para fazer a defesa de quem é pego fraudando.
Folha - Como o sr. avalia o comportamento da imprensa na crise?
Santos - O que está em jogo é o seguinte: como é que o sr. Roberto Jefferson conseguiu obter a projeção que obteve e levar durante muito tempo a CPI dos Correios pelo "narizinho"? Por que ele conseguiu isso? Porque ele estava falando a verdade? Não. Porque interessava ao PSDB e ao PFL.Só por isso. Achar que é porque ele estava falando uma coisa que chocava... Se fosse só isso, não dava. Se não desse no "Jornal Nacional", não acontecia tudo isso. E, para dar no "Jornal Nacional", tem que interessar ao PSDB e ao PFL. Por exemplo, não foi suficiente o editorial da Folha [no episódio da compra de votos para a provação da emenda da reeleição de FHC, em 1997] para criar um escândalo.
Folha - E por que foi diferente no caso de Jefferson?
Santos - Porque é do interesse das Organizações Globo. Isso é um outro tema. Quando digo imprensa, eu quero me referir implicitamente às Organizações Globo, que são um problema dentro do processo político brasileiro.O "Jornal Nacional" tem a emoção da opinião pública brasileira sob controle. Durante o mês passado, as ansiedades, expectativas e angústias eram geradas pela dramaturgia do "Jornal Nacional". Ele tem controle sobre a temperatura da emoção. Isso não é algo que deva ser considerado normal em uma democracia.O que acontece é que, em países como o Brasil, a imprensa é um ator político relevantíssimo. Sua moeda é justamente ter poder sobre a emoção da opinião pública. Para que serve esse poder? Para obter conformidade de governo.
Folha - E o comportamento dos intelectuais? Eles devem participar do debate na imprensa?
Santos - O papel dos intelectuais é oferecer suas análises. Mas o espetáculo que eles deram agora, os poucos que se manifestaram, a convite, para dizer que não havia golpe, foi triste. A análise deles é primária, são incompetentes. A maioria dos intelectuais que se manifestaram foi de uma pobreza franciscana.Não sabem o que está acontecendo e ficam dizendo bobagens. Se você prestar atenção, os intelectuais que falam sobre política só têm opinião do senso comum.Só que eles manifestam o senso comum com uma linguagem e uma pomposidade que parece que eles estão ensinando alguma coisa que valha a pena.Eles não estão tendo nenhuma influência nesse momento. Não estão tendo nenhum papel. Estão omissos. O que dizem não tem a menor repercussão. Não tem nenhum impacto.
Folha - Qual a avaliação que o sr. faz do momento que vive o PT?
Santos - A origem dos problemas atuais foi essa, segundo o diagnóstico do próprio PT. Seu funcionamento interno foi maculado e só porque foi maculado é que aconteceram as coisas que até agora aconteceram.Portanto, e isso é importante, os ilícitos que ocorreram não resultaram do funcionamento normal do PT, mas, justamente, de uma violação das normas legais de funcionamento interno. Pelo que tem aparecido nos jornais, há duas linhas principais de concepção que o PT pode seguir.Uma entende que o que ocorreu foi uma violação do modo normal de o partido operar. Esse é o diagnóstico da nova direção. Por todas as declarações que tenho lido, sobretudo do Tarso, ele considera que a "regeneração" do partido depende de uma ascensão de tendências bem à esquerda do que vinha sendo a direção. Por quê? Porque elas teriam uma opinião apropriada do partido em relação ao governo, ou seja, se contrapondo a algumas políticas.Discordo. Neste momento, a visão de Tarso escapole para uma avaliação que vai ajudar a inviabilizar o PT como partido, pelo menos integrado como até agora.Do outro lado, aqueles que acho que têm a perspectiva correta do partido em relação ao governo, que é de apoio, são as pessoas, pelo menos as que tem aparecido, que são apontadas como responsáveis pelos desvios de administração. E vejo que, se se preservar esses que violaram a democracia interna, também se levará a impasses de difícil superação.
Folha - O partido caminha para um racha?
Santos - Acho que sim. Temo que sim. É com isso que eu estou preocupado, porque eu acho que os dois campos principais que se defrontam agora criam linhas de clivagem. Não vejo denominador comum. Estou vendo um racha de cabo a rabo: na política em sentido partidário, na política mais ampla, na política econômica...
Folha- Qual a conseqüência de uma eventual desagregação?
Santos - Estou preocupado com o PT como instituição. Por conseqüência, com o PT como uma força capaz de incorporar camadas muito amplas da população na vida política. É um partido com capacidade de agregar setores mais pobres da sociedade, que não estariam ligados à política, e que foram incorporados por uma adesão pelo menos simpática ao PT.Essa participação ampliada é importante para a democracia. Isso pode abrir campo para populismos demagógicos, na ausência de um partido mais disciplinado e mais ideologizado.
Folha - E isso seria um certo retrocesso no amadurecimento político brasileiro?
Santos - Sem dúvida nenhuma. Se isso vier a acontecer, será o grande ilícito que a [antiga] cúpula dirigente do PT terá praticado.
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